Saúde: mercado promissor
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Revista Educação Física

Saúde: mercado promissor

Profissionais da área explicam campo de atuação que se firma para Profissionais de Educação Física, tanto no setor público quanto no privado

Presentes nas escolas, academias e clubes, os Profissionais de Educação Física se firmaram, de vez, em mais um campo de atuação: a Saúde. Mas não a confunda com a Promoção da Saúde – atividade desempenhada por todo bacharel em Educação Física. Marcelo Hagebock [CREF 010101-G/PR], Conselheiro do CREF9/PR e presidente do Conselho Estadual de Saúde do Paraná, explica a diferença: “Promoção da Saúde significa promover melhorias na qualidade de vida do usuário. Quando você faz uma ação diretamente ligada à área da Saúde, você faz um trabalho multiprofissional, envolvendo diferentes atores no processo de melhoria ao usuário do Sistema de Saúde”.

Na prática, trabalhando com uma equipe multiprofissional, é possível executar um “plano terapêutico” - uma ação determinada para cada necessidade do usuário. Quando um indivíduo procura a academia, ele busca a área fitness. Já dentro da Saúde, o paciente tem um foco específico que, como explica Hagebock, envolve questões como o uso medicamentoso, se é hipertenso ou diabético, obeso, entre outros. “Então, você trabalha mais focado na demanda e necessidade do paciente, incluindo atores que podem melhorar a saúde do usuário”.

Quem concorda com ele é Carla Giuliano de Sá [CREF 077198-G/SP], que atua no Hospital Albert Einstein e faz parte do grupo de pesquisa em atividade física e doenças crônicas da instituição. “A nossa equipe é formada por fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, nutricionista e fonoaudióloga. A cada novo caso, todos os profissionais discutem a elaboração de um plano de cuidado, cada um na sua visão, definindo o que é o melhor para o paciente”. 



E parece que o mercado tem percebido essas vantagens, como explica Hagebock. “Ainda é um campo em expansão, até porque a própria Educação Física precisa se apropriar mais dessa área, tanto na formação quanto na busca da inserção de profissionais no mercado de trabalho. Em diversas situações, me é solicitada indicação de profissional para trabalhar com cardiopata, hipertenso, diabético, mercado para o qual os profissionais ainda não se atentaram. O interesse da categoria ainda está muito voltado para o fitness, mas temos oportunidades a se multiplicar na Saúde”.

Mas para ocupar esse mercado é preciso ter algumas competências. Para Carla Giuliano, empatia é fundamental: “Precisamos saber nos colocar no lugar dos pacientes e entender suas necessidades para melhor atendê-los”. Marcelo Hagebock defende que é necessário saber fazer uma boa avaliação física. “Isso envolve grande parte de patologias, principalmente as crônicas. Há uma demanda grande também na parte osteomuscular, muitos pacientes têm problemas muscoesqueléticos, degenerações nas articulações, algumas alterações ósseas significativas, problemas ortopédicos. Esse profissional tem que fazer uma boa prescrição, para que o paciente possa melhorar, e até para que ele possa se inserir em outras atividades físicas de seu interesse”.

Poder ver indivíduos com patologias voltarem a se inserir em atividades físicas de seu interesse é só um dos pontos positivos que um Profissional de Educação Física pode ter ao trabalhar na área da Saúde. Para Marcelo Hagebock, o mais interessante mesmo é o trabalho multiprofissional. “Hoje se discute muito a questão do profissional ter o atestado médico e prescrever com base nele. Por trabalhar com o médico, eu tenho todo um laudo clínico daquele paciente, acompanhamento do histórico de tudo que foi feito dentro da unidade de saúde focado na real necessidade dele. Tenho acesso ao histórico de saúde do indivíduo: exames, medicações, entre outros, o que nem sempre é possível quando o trabalho não é em conjunto, já que muitas vezes o paciente deixa de nos informar pontos importantes de seu quadro clínico, porque esquece ou até mesmo por vergonha”.

É o que acontece nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs), que representam um crescimento desse mercado no setor público, como explica Carla Giuliano. “Acredito que a partir do próximo ano cresça ainda mais, não só nos NASFs, mas dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e das Unidades de Referência à Saúde do Idoso (URSI).  No setor privado, além dos hospitais, muitas clínicas estão incluindo o Profissional de Educação Física. Na área hospitalar, acredito que o foco acabe ficando mais voltado para reabilitação cardíaca e prevenção”. 

Em Curitiba (PR), o NASF tem cerca de 30 equipes, das quais 26 já contam com Profissional de Educação Física, como explica Hagebock. “O município está muito focado na obesidade, já que mais de 50% da sua população tem esse problema ou sobrepeso, número que não para de crescer. Por isso, há uma necessidade de intervenção mais completa para mudança de hábito da população”. Mas não haverá mudança se não houver profissionais capacitados para trabalhar nela. “Hoje já tem sido feito, até pelo Sistema CONFEF/CREFs, bastante contato com as universidades, para que elas se atentem aos novos campos de atuação. Muitas faculdades já estão adaptando seus currículos para contemplar também a área da saúde, mas isso é um processo que demanda tempo”.

Por isso, os profissionais precisam se apropriar da área, sempre buscando conhecimento. Marcelo opina que o esforço valerá a pena: “Isso porque só estamos falando de doenças mais recorrentes, mas se formos trabalhar com nefropatas, indivíduos com câncer, a própria saúde mental, temos até mais demanda para atender”. Carla concorda, com otimismo: “Acredito que a cada dia que passa as instituições estão percebendo o valor agregado que nossa área possibilita, desde a prevenção de doenças até a redução de custos, por conta da diminuição de tempo de internações, medicamentos e diminuição de riscos”.