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Porque as academias de ginástica estão malhando também 01/10/2019

As academias de ginástica estão tendo que malhar para enfrentar a crise que reduziu a renda da população e o aumento da concorrência com a chegada de redes de baixo custo, a implantação de salas de musculação em clubes e condomínios residenciais e a instalação de aparelhos em praças públicas. Além da enorme legião de brasileiros que correm nas ruas. Um mercado que movimenta US$ 2,1 bilhões em todo o país, com 34,5 mil academias e 9,6 milhões de alunos/atletas, segundo dados do IHRSA Global Report 2019, passou por uma forte transformação nos últimos anos. De 2015 para 2017, o número de academias cresceu 11,3%, o de clientes aumentou 8,86%, mas o faturamento teve queda de 12,5%. A explicação é simples: a crise levou mais pessoas a buscar preços menores, enquanto o surgimento das low cost (baixo custo) permitiu que mais brasileiros buscassem as academias para se exercitar.

“A crise afetou o mercado de maneira geral. O Brasil é um país com um número de academias relativamente alto, mas com número muito baixo de praticantes por unidades”, afirma o presidente da Associação Brasileira das Academias (Acad Brasil), Gustavo Borges. Ele lembra em enquanto no Brasil cerca de 4,5% da população se exercita em academias, nos Estados Unidos esse índice chega a 19%. Apesar da baixa penetração, dados do International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA) mostram que o Brasil é o segundo do mundo em número de academias e o quarto em clientes, embora não esteja entre os 10 maiores em faturamento (é o 14º). Tratando-se apenas da América Latina, o Brasil ocupa a primeira posição no ranking em todas as categorias.

Os dados do ranking confirmam as mudanças ocorridas nos últimos anos. O Brasil se manteve como o segundo maior país em número de academias e o quarto em clientes, mas caiu duas posições e está em 13º em faturamento, superado por Itália e Espanha no ano passado. “O mercado cresceu muito na questão das low cost. Então, você vê a Smart, Biortimo, Selfie. Blufit e tal que tiveram crescimento, porém quando você coloca isso no mercado de forma geral, ele tem um impacto grande, mas muitas academias fecharam”, diz Gustavo Borges, sem ter números desse impacto.

Uma das que fecharam as portas foi a mineira Hugo Soares, que durante cerca de 30 anos funcionou no Bairro Funcionários, em Belo Horizonte. “Refúgio” de muitos praticantes de exercícios físicos, a academia não resistiu à crise econômica e à concorrência das low cost. “O grande vilão foi o período, porque assumimos no primeiro semestre de 2014 e a gente mudou o nome, mas foi um período de dificuldade econômica e o valor do aluguel ficou muito alto”, relata Júlio César Meireles das Graças, um dos sócios da Hugo Soares antes do fechamento.

Júlio lembra que também no início de 2014 chegaram a Belo Horizonte a Malhação e a Smart Fit, academias de baixo custo. “Conseguimos manter aquele aluno que gostava de malhar na academia, uma academia mais simples, mas eu acho que seria possível sobreviver se o custo não fosse tão alto”, avalia Júlio César. Segundo ele, academias como a Smart fit atraem “a galera mais independente, mesmo que a prestação de serviço seja um diferencial, os que treinam sozinhos e precisam só do espaço são atraídos pelo custo menor”, destaca o ex-sócio da Hugo Soares.

Com preços mais baixos e equipamentos mais modernos, as low cost invadiram o país nos últimos 10 anos. Hoje, essa modalidade de negócio já representa 13% das instituições de ginástica do país, com Smart Fit e Bluefit sendo as maiores desse segmento. A primeira tem cerca de 550 unidades no Brasil e em vários países, e a segunda conta com pouco mais de 60 unidades no país, incluindo duas em Belo Horizonte, nos bairros Prado e Buritis. Já a Smart tem 15 unidades na capital mineira.

Apesar da chegada das low cost, o número de academias em Minas cresceu. Dados do Conselho Regional de Educação Física da 6ª Região (CREF) mostram que em todo o estado as unidades de atividades físicas passaram de 3.179 em 2018 para 3.307 no primeiro semestre dese ano. Pelos números do Conselho Federal de Educação Física, há mais de 55 mil estabelecimentos no país registrados no conselho e Minas seria o sexto maior em unidades. Já pelos números da Acad Brasil, Minas é o segundo no ranking nacional, com 4.065 academias de ginástica. A diferença se deve a critérios de registro em uma e outra entidade.

“Com o problema econômico do país, vem aumentando a quantidade de pessoas que frequentam academias de rua ou as academias mais baratas. Abriu uma academia low cost em um shopping com equipamentos no padrão de uma rede grande, muito boa, que no primeiro mês tinha 2 mil alunos. As pessoas estão se exercitando, mas buscam espaços públicos ou custo menor”, afirma Bia Bicalho, do conselho de ética do CREF em Minas. (...)



Fonte: Estado de Minas