Rival do Corinthians nas quartas de final do Campeonato Paulista, a Ferroviária tem o seu principal destaque à beira do campo.
Com fala mansa e fama de estudioso o até então desconhecido Vinícius
Munhoz [CREF 005928-G/RS], 39, ganhou notoriedade há 23 dias, quando foi elogiado
publicamente pelo treinador da seleção brasileira, Tite [CREF 004394-G/RS], que
enalteceu o futebol apresentado pela equipe de Araraquara no empate sem gols
contra o Palmeiras por 0 a 0.
"Fui pego de surpresa. Logo ao término do nosso
treinamento, cheguei ao vestiário e vi inúmeras mensagens no meu celular de amigos
falando sobre o elogio do Tite. Eu fiquei muito feliz por receber um elogio
dele, que é sempre muito atento a tudo sobre o futebol. Ele ocupa o cargo de
treinador da seleção brasileira por ter essa característica de ser
detalhista", afirma Vinícius Munhoz, que teve um breve contato com Tite
durante o curso de treinadores da CBF, realizado em dezembro.
Na oportunidade, o comandante da seleção cursava o Licença
PRO, a graduação mais alta, enquanto o treinador do time grená cursa a Licença
A. Vinícius Munhoz está na Ferroviária há nove meses. Ele foi contratado após
suas ideias de estilo de jogo coincidirem com o pensamento da diretoria do
clube.
"Recebemos algumas indicações e fizemos um processo
seletivo buscando informações de cada profissional. Buscamos treinadores
priorizam o jogo com bola rolando, como mostra a história recente da Ferroviária,
e que tivesse uma liderança muito mais democrática do que autoritária. O
Vinícius tem tido muita competência e sucesso no que vem fazendo", disse o
pentacampeão mundial Roque Júnior, que exerce o cargo de diretor de futebol da
equipe.
"Guardadas as devidas proporções, o nosso estilo de jogo
é semelhante ao que o Tite implantou na seleção brasileira. É uma equipe que
propõe o jogo com posse de bola e busca a competitividade", resume o
técnico da Ferroviária. Ao contrário de muitos técnicos, Vinícius Munhoz não
começou no futebol como jogador. Ele até tentou seguir carreira como lateral
esquerdo, mas nunca chegou a ser um atleta profissional.
Formado em Educação Física pela Universidade Federal de
Santa Maria e pós-graduado em treinamento desportivo, o gaúcho iniciou a
carreira como preparador físico. Ele teve passagens por equipes do Rio Grande
do Sul e também trabalhou na função na seleção brasileira feminina de futebol
durante os Jogos Olímpicos de Pequim-2008 —vice-campeão— e Londres-2012.
Começou a carreira de treinador no time sub-20 do Osasco, em
2013. No ano seguinte, trabalhou na base do Grêmio Osasco. A primeira
oportunidade no profissional foi no próprio clube, na disputa da Série A3 e,
depois, no Audax, na Copa Paulista e na Série D —eliminado na primeira fase.
Nos dois últimos anos, foi técnico do Inter de Santa Maria,
na segunda divisão do Gaúcho. Chegou à semifinal em ambas as oportunidades, mas
não conseguiu levar o time de sua cidade natal à elite. Desde junho, Vinícius Munhoz
está na Ferroviária, onde foi vice-campeão da Copa Paulista, torneio organizado
no segundo semestre para os times não ficarem inativos.
Admirador dos treinadores Maurizio Sarri, do Chelsea, Pep
Guardiola, do Manchester City, de Fernando Diniz, do Fluminense, além de Tite,
Felipão e Mano Menezes, seus conterrâneos, Munhoz tenta agora fazer história no
clube de Araraquara logo em sua primeira temporada em uma competição da elite.
"O nosso segredo foi o planejamento. Desde o
vice-campeonato da Copa Paulista, definimos o perfil dos jogadores que reuniam condições
de jogar pela Ferroviária dentro daquilo que o clube pensava sobre futebol.
Eles entenderam a forma de jogar e conseguimos manter esse trabalho a partir
desta consolidação", disse ele, que levou a equipe de Araraquara às
quartas de final pela primeira vez desde que o time retornou à elite em 2016.