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Será que a jogadora transexual Tiffany leva vantagem sobre as adversárias? 06/02/2018

O dia 10 de dezembro de 2017 ficou marcado na história do vôlei mundial. Isso porque, nesta data, ocorreu a estreia da jogadora brasileira Tiffany Abreu, do time da cidade de Bauru (SP), na Superliga feminina, principal torneio nacional, que se tornou a primeira pessoa transexual a disputar um evento oficial da modalidade.

Hoje, pouco mais de um mês após a estreia, a paraense Tiffany é a maior pontuadora da Superliga, com uma média de 23 pontos por partida, três a mais do que a segunda colocada, a atacante Tandara, do Osasco (SP), que tem média de 20 pontos. Ironicamente, esse bom desempenho da jogadora novata a colocou no centro de uma polêmica: por ser transexual, sua força física é superior à das demais atletas?

Para Carlos Cimino [CREF 001691-G/RS], membro do Conselho Federal de Educação Física, a resposta para essa pergunta é sim. "Não tenho a menor dúvida disso. Todo o seu desenvolvimento motor, muscular e ósseo ocorreu antes da transição de gênero, quando ela ainda era homem", comenta o especialista.

Aval do COI

Vale lembrar que a situação de Tiffany é regular, de acordo com as diretrizes do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a disputa de competições femininas. O parâmetro utilizado pela entidade é o nível de testosterona, hormônio masculino, presente no sangue, que deve estar abaixo de 10 nanomol por litro. A atleta passou por um tratamento hormonal que fez parte de sua transição de gênero e possui um nível de apenas 0,2 nanomol da substância em seu organismo.

Ainda assim, Carlos Cimino discorda do método de avaliação do COI. "Não se pode afirmar que há igualdade de condições entre a Tiffany e as outras jogadoras baseando-se apenas no nível de testosterona. É cientificamente comprovado que a diminuição da quantidade deste hormônio só surte efeito na força muscular e na constituição óssea a médio e longo prazos. E ela terminou os tratamentos hormonais há pouco mais de um ano", contesta o membro do Conselho Federal de Educação Física.

O especialista destaca ainda que, para que os transexuais não levem vantagem e também não sejam injustiçados no esporte, a Medicina esportiva e o COI devem estabelecer outros parâmetros de avaliação, além da medição da testosterona. Carlos Cimino lembra que existem medidas paliativas que podem ser utilizadas para analisar casos como esse.

Reunião

A polêmica envolvendo a atuação de Tiffany na Superliga feminina levou a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) a discutir a inclusão de transexuais no vôlei. A entidade anunciou, na quarta-feira, dia 17 de janeiro, que o assunto será debatido na próxima reunião de sua comissão médica, que ocorrerá no dia 24, quarta-feira, na cidade de Laussane, na Suíça.

Histórico

Antes da transição de gênero, Tiffany Abreu se chamava Rodrigo Abreu e havia disputado jogos em divisões inferiores do vôlei, no Brasil, além de outras ligas masculinas da Indonésia, Portugal, Espanha, França, Holanda e Bélgica. Após concluir o tratamento hormonal, a jogadora atuou na segunda divisão do vôlei italiano até, finalmente, receber autorização do Comitê Olímpico Internacional para jogar a Superliga – competição feminina mais importante do Brasil e uma das principais do mundo.



Fonte: Revista Encontro