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Prevenção, um importante aliado para reduzir custo com a saúde 09/11/2017

Um recente texto escrito no blog do psiquiatra Guilherme Spadini nos leva a uma importante reflexão sobre o real custo da saúde em nosso país. Esse custo não está relacionado apenas ao valor dos honorários médicos, independentemente de possíveis distorções do mercado, como também ao impacto de utilização de tecnologia de ponta, hoje fundamental para tratamentos antes insolúveis. Muitos outros fatores contribuem para o custo da saúde na sociedade.

Citaria quatro: a prática abusiva de expedir licenças médicas para justificar injustamente falta ao trabalho; a cultura iatrogênica de alguns médicos, que receitam remédios e exames, mas não investigam clinicamente o paciente; a falta de investimento em educação, que transmite noções de higiene pessoal, alimentação saudável e a importância da prática de exercício; e a falta de investimento em saneamento básico, foco de uma série de doenças  relacionadas à exposição em ambientes contaminados. Prevenção e bom senso são palavras-chave para eliminar muitos desses custos.

Como profissional de Educação Física especializado em reabilitação cardíaca, observo distorções em minha área que impactam também no custo da saúde. A reabilitação cárdica é uma terapia preventiva da saúde cardiovascular, que tem a capacidade de economizar recursos através da redução da incidência eventos cardíacos graves, assim como reduzir o período de internação hospitalar.

Contudo, o sistema de saúde e a sociedade médica ainda subvalorizam essa terapia. Basta constatar que há poucos centros de reabilitação e é ainda muito baixo índice de encaminhamento de pacientes pelos médicos a essas clínicas de reabilitação.

As operadoras de saúde no Rio de Janeiro começam a perceber a importância da reabilitação cardíaca como fator de redução de custo  com intervenções cirúrgicas, internações prolongadas etc. Algumas possuem pequenas unidades próprias, mas não investem para desburocratizar esse tratamento. Dessa forma, oferecem a oportunidade de tratamento a apenas 10% do seu público-alvo. Os 90% restantes ficam à espera de vaga, o que é ruim tanto para o paciente quanto para a seguradora.

Os serviços de reabilitação cardíaca precisam se adequar à realidade. Devem ser vistos como parceiros estratégicos das operadoras de saúde, sistematizando ciclos de tratamento, separando  os pacientes mais graves dos menos graves. Essa nova visão mostrará concretamente o custo benefício do procedimento. E, mais importante, vai gerar um fluxo de atendimento, que possibilite uma maior escala de acesso aos portadores de doenças cardiovasculares, sejam eles  usuários da saúde pública ou privada.



Fonte: O Globo